O que faria se estivesse no meu lugar?
Ontem, liguei para a Doutora Marília Gomes. Liguei-lhe a dizer que ia ter um programa de rádio dedicado ao cancro, Hora de Mudança, e a reação da médica fez-me recuar cerca de 2 anos, ao maio de 2016 em que o mundo oncológico era um verdadeiro mistério, mas também o fim. Ou melhor, o meu fim injusto, injustificável e, sobretudo, invencível.
Foram os sonhos por cumprir, as conversas com doentes e sobreviventes, a promessa dos 50% e a vontade do que queria e onde queria chegar que moldaram a maneira de agir, de enfrentar e de comunicar o linfoma.
E isso deixa-me muito feliz. Há 1 ano e meio acabei a quimioterapia. Hoje, vejo o cabelo encaracolado a crescer, recupero a silhueta, construí o Blog Dia de Mudança, tenho o meu programa de rádio, vou regressar em breve ao trabalho na minha área e o que se segue é, o que tiver de ser. De braços abertos. De sorriso no rosto. De olhar em frente. Porque todos os dias são oportunidades para viver mais e melhor…
Este é o meu caminho. Hoje tenho liberdade para escolher o meu caminho. Um caminho que relata a experiência que vivi, desde 2016 até ao presente. Um presente que abre novos horizontes e uma nova perspectiva de vida que, estou em crer, também poderá ajudar outras pessoas em situações idênticas, ou com outro tipo de doenças igualmente graves ou, simplesmente, inspirar pessoas a dar a volta por cima. Como eu própria, consegui.
O que faria se estivesse no meu lugar? Dir-me-á um dia, quiçá…
Fotografia: Daniel Vieira
Local: Mata Nacional do Choupal– Coimbra