Tenho pensado muito sobre o valor da vida humana. E mais ainda sobre a sua representação. Incongruências que vamos concebendo ao longo da vida, nas quais a morte compromete um episódio coerente do inicio ao fim.
Quando somos jovens a morte é um tema desvalorizado e inapropriado. No entanto, as nossas relações com os outros, as notícias inesperadas e o medo de clarificar tal problemática motiva a questão: ” quando chegará a hora?“.
Faço 10 meses sem quimioterapia. A minha mãe faz anos. E, o meu tio-avô faleceu. A sua hora chegou de repente e trouxe-me dois sentimentos. O primeiro foi a falha. Esqueci-me de lhe dizer o quanto o amava, o quanto o admirava, o quanto queria que continuasse aqui para me ver só a crescer…
Por outro lado, senti felicidade. Só posso ser agradecida por ter tido alguém que me ensinou o poder dos laços familiares; a importância da qualidade do tempo com os que amamos e a criar memórias que permanecerão no sempre. Que lição!
A morte roubou-o de mim. A morte não nos deu tempo para uma despedida. A morte foi injusta para si. Porém, não deixarei que morra no Episódio da minha Vida. Amo-o Tio Zé Neta!
Um grande beijinho Tio, esteja onde estiver.
Fotografia: Carolina Rodrigues
Local: Quinta de São Jerónimo – Coimbra