Apresenta-se o espírito civilizacional, a força da palavra, a capacidade de improvisação, a índole dos afectos, as promessas megalómanas e, ainda, a falta de bom-senso publicitário. Desse modo, hinos, bandeiras e slogans disputam os próximos quatros anos e inspiram, pouco a pouco, a subida da abstenção.
E tu, irás às urnas ou aos “tachos”?
Domingo, o dever chama-nos. Bem como, o direito. E assim, faremos jus à luta dos nossos antepassados.
Valerá a pena?!
As autárquicas são, seguramente, as únicas eleições que mobilizam milhares de pessoas. Multidões que não se importam com o preço do combustível, com o discurso repetido ou com as ideologias políticas. O que importa é assegurar que o candidato não tenha dúvidas do apoio genuíno.
Mas, o que nos levará a apoiar realmente alguém?
Sugiro-vos duas perspectivas. A primeira consiste em olharmos para o candidato e vermos a reencarnação do mito português, o sebastianismo. As suas palavras transmitem uma renovação positiva ou uma ilusão momentânea. Sabemos que povoará a aldeia desabitada, que o parque industrial será uma realidade na vila e que o centro de emprego não voltará a estar cheio na cidade. Cada comício proclama o renascimento do território através da candidatura verdadeira do Desejado.
Ora bem, a outra perspectiva é um pouco mais individual. Acompanhamos as caravanas, colocamos a bandeira na varanda e gritamos bem alto que ele é o nosso Desejado. O acordo consiste numa simples troca entre duas pessoas, isto é, uma promoção, um emprego ou um alcatrão em prol do dito apoio espontâneo. Já diz o ditado que “Em terra de cego quem tem olho é rei”. Será realmente verdade?
Domingo a cruz o dirá. Votem!