Avançamos a cada onda, a cada mergulho, a cada banho de mar. Entre um jogo de raquetes e o desejo de uma pele dourada, o mar afunda-nos na reflexão. No entanto, quais os limites que a água salgada nos coloca?
Os dias, as temperaturas e as toalhas aumentam. Os hotéis, os restaurantes e as casas de férias ficam lotados. Contudo, qual o factor que nos encoraja a abrandar, a parar ou a alterar a rotina?
Caso fizesse um breve questionário aos meus “vizinhos de praia”, tenho a certeza que as respostas esticar-se-iam entre o frenético mundo laboral, a complexa esfera familiar e a monotonia do quotidiano, de si e dos outros. E, caso os interrogasse sobre o que fizeram para alterar a sua condição, o seu problema ou a sua insatisfação. Quem sabe, a resposta fosse: tirei uns dias de férias…
Pois bem, é aí que reside a maior onda da nossa existência. Uns irão voltar, novamente, para trás; outros irão ser capazes de a ultrapassar e outros continuarão a preparar-se para um dia a enfrentarem. A verdade, é que as ondas difíceis existem e são incertas, problemáticas e arriscadas mas, também são inevitáveis.
Reparo nos corpos besuntados com o “seguir em frente”. Todavia, as marcas das mágoas, das falhas, dos desamores e das ilusões brilham mais que a intenção de seguir em frente, pra frente ou só ir em frente.
Sim, consegui seguir em frente com todas as cicatrizes, limites e preconceitos. Convenço-me que elas contam a história, revelam a inspiração para outros e demonstram que o irrealizável não existe.
Garanto-vos que quando realizarem o irrealizável – trabalho, família, saúde, amor ou outro- avançarão com mais coragem, bravura e persistência na próxima onda. Eventualmente, trocarão os limites da água salgada pela atitude, pela felicidade e pelo bem-estar de umas férias prolongadas. Sabendo, à priori, que a bandeira verde está presente em cada um, mesmo que demore a hastear-se.
Há 5 meses enfrentei pela última vez a maior onda da minha vida. Lembro-me que pensei que ela me levaria até à morte. Mas, hoje sei que ela comprovou que o irrealizável existe apenas, no medo de avançar. E se eu consegui. Com certeza, que vocês também conseguem apanhar a vossa onda.
Fotografia: Sónia Catarina Silva
Local: Cabo Mondego, Figueira da Foz