Em plena época de manjericos, de martelinhos e de foguetes dançamos entre a certeza da devoção e novas incertezas da sorte. Procuramos quem nos conceba uma parte de um sonho mas, desacreditamos a nossa capacidade de aguentar todo o percurso da Marcha…
Embora, devota do Santo Casamenteiro nunca recorri aos seus arranjinhos. Admito que, até me falhou bastantes vezes até me encontrar o tal rapaz. No entanto, acredito no sentimento que o santo simboliza. Aquele amor que perdura, independentemente das circunstâncias, da fisionomia ou de qualquer outro estado atípico. Existe, não só porque a profecia ou a história o narra. Existe, porque o sentimos ontem, hoje, amanhã, depois de amanhã… e depois; e depois de amanhã num coração apaixonado.
Prolongamos o bailarico até outro Santo. Este é culpabilizado pelo estado do tempo todavia, também o reconhecemos como um bom protector. Pressuponho que a sua simbologia, atualmente, esteja bem presente nas palavras medo e aceitação. Receamos olhares alheios, vozes petulantes e ideias mesquinhas. Contudo, quando nos aceitamos não há tempestade que nos destrua.
“Santo António já se acabou
O São Pedro está-se acabar
São João, São João
Dá cá um balão para eu brincar.”
A última canção evoca mais um Santo. De mão em mão ou de cabeça em cabeça partilha-se a emoção, a sorte ou a animação. Devotos ou não; conhecidos ou desconhecidos; crianças ou idosos participam de um arraial que brinda a simbologia do mundo redondo, aquele em que o convívio acrescenta, melhora e desenvolve. Imagino que o dia-a-dia seria bem melhor se celebrássemos a Vida como festejamos os Santos Populares.
Afinal, se fizermos uma quadra com cada Santo, quiçá se não arranjamos uma composição mais original para a nossa Marcha?!