Desde muito cedo, a ideia de que não devemos confiar em desconhecidos vai-se alastrando à mente, aos comportamentos e às emoções. Porém, o que faríamos se só um desconhecido nos pudesse salvar?
Foram precisos 25 anos, para entender a palavra confiança através de um grande percalço da vida. Um contratempo que me demonstrou o quanto alguém pode determinar a tua continuidade aqui.
A determinação do H, hematologia, com a necessidade do C, cura, abriu um Reino, denominado pelo 5º. Reino. Algo misterioso, secreto e sem opções de fuga. Revoltei-me por não existirem sinais de encantamento ou de ficção. O que existia era um respeito pelo tempo, pela entrega e pela confiança no outro.
Mas quem é esse outro?!
Alguém que nunca vimos, com quem não temos nenhum laço, mas a quem nos entregamos porque sabemos que é a única forma de vencer esta dura luta.
Tendo como propósito a salvação e utilizando o poder da Saúde o outro transforma-se numa Navegante. Esta combate, diariamente, os monstros terríficos e indomáveis que aparecem em corpos indefesos, como o meu.
Assume-se, também, como uma Navegante dócil, bondosa e sorridente. Para si, cada paciente é medicado com palavras de coragem e com gestos de amor, de amizade e de amabilidade. Receitas para amenizar as horas, as etapas e os pensamentos!
Hoje, quero homenagear as minhas heroínas do 5º. Piso. Seres comuns e desconhecidos que viverão para sempre na minha memória.
Enfermeiras, Auxiliares e Médicas que admiro imenso, que deram um significado a esta luta e que afirmaram indiscutivelmente: “em nome da saúde, vamos salvar-te!”.
E, salvaram.
Obrigada!